quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Casimiro e o bauru

"Inovação como disciplina se pratica por meio do uso imaginativo - e não genial - de conhecimentos que estão ao alcance de todos. Para conceber novas maneiras de fazer velhas coisas.". Li essa frase num ótimo artigo do Clemente Nóbrega. Olha que legal! A inovação que não precisa de genialidade, que está na cara da gente, que precisa é de imaginação. É essa a inovação necessária, que está ao alcance de qualquer um a qualquer hora e em qualquer lugar...

Foi então que me lembrei de uma historinha que cabe como uma luva no conceito do Clemente: a criação do sanduíche Bauru.

Bauru... Sou de lá, portanto tenho um atributo raro: nasci numa cidade com nome de sanduíche. Jamais ganhei algo com isso a não ser a facilidade de denominar minha origem com um nome bastante familiar. Afinal, não estou falando de um sanduíche qualquer, mas do delicioso e nutritivo Bauru, que é marca de sanduíche muito antes dos BigMacs. Você pode não acreditar, mas o Bauru é internacionalmente conhecido. Eu mesmo vi num bar em Nova Iorque!  Não pedi o sanduíche deles, pois fiquei com medo, mas que deu um orgulho, isso deu...

Sempre que vou pra Bauru, dou uma parada no tradicional Bar do Skinão, onde é servido o Bauru como foi originalmente criado. Recentemente meu pai publicou em seu jornal Bauru Ilustrado uma bela reportagem contando como nasceu o sanduíche. Veja só:

Tudo começou com um estudante bauruense de Direito que vivia na cidade de São Paulo nos anos 30: Casimiro Pinto Neto. Casimiro era frequentador do famoso bar Ponto Chic, no Largo do Paissandú (está lá até hoje, meio caído mas ainda em funcionamento). Um dia, no final dos anos trinta (ninguém sabe precisar a data), Casimiro tomou contato com um livreto chamado "O Livro das Mãezinhas", uma daquelas publicações que décadas atrás serviram para mudar o quadro da saúde pública brasileira. O livreto foi escrito por Wladimir de Toledo Piza e ensinava as mães a equilibrar a dieta de seus bebês. Casimiro encantou-se com a forma didática com que Wladimir definia a combinação de proteínas, carboidratos, gorduras, minerais e vitaminas. Numa noite, chegando ao Ponto Chic, o bauruense anunciou: "Hoje vou receitar um sanduíche saudável". E pediu ao sanduicheiro Carlos: "Abra um pão francês, tire o miolo e bote um pouco de queijo derretido. Falta um pouco de albumina e proteína: coloque umas fatias de rosbife. Agora falta vitamina. Bote umas fatias de tomate." E assim foi. Naquela época (e acho que ainda um pouco hoje em dia), era costume chamar as pessoas pelo nome da cidade de onde vinham. Casimiro era o "Bauru". O sanduíche despertou o apetite dos companheiros de mesa que logo pediram: "Fulano, me faz um aí igual ao do Bauru.".

Pronto! Nasceu o sanduíche Bauru.

Com o tempo o pessoal do Ponto Chic incrementou a receita, com pepino em conserva e uma combinação de queijos fundidos, e o Bauru se transformou num sucesso. Depois algum gênio financeiro resolveu baratear o sanduíche e fez aquela coisa de pão de forma, muzzarela, presunto e tomate. E um oréganozinho pra disfarçar. Um Bauru esculachado, que ficou ainda mais popular.

Viu só? Num simples sanduíche um exemplo de como a imaginação pode transformar o trivial numa inovação. Aposto que Casimiro Pinto Neto não
tinha idéia de que estava criando um ícone da culinária nacional.

Mas sabe o que me ocorreu agora? Já pensou se tivessem botado no sanduíche o nome de Casimiro? Ou Pinto? Ou Neto?

Ainda bem que Casimiro era o Bauru...

Saiba mais sobre o Bauru acessando: 

Luciano Pires
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