sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pilulas natalinas


Hoje vou pegar leve, com algumas pílulas natalinas que andei juntando. São retalhos que vou costurando, sabe como é?

Pílula um: O Natal é um período especial do ano. Uma convenção. Quando ele chega o tempo muda, um clima diferente toma conta da casa, da cidade, do país. Conheço muita gente que odeia o período do Natal. Acha triste, provavelmente por trazer lembranças de tempos felizes que não vão mais voltar. Lembranças de entes amados que já se foram. O Natal traz saudades. Ele acorda a criança que dorme dentro de nós, reaviva sentimentos que nos dominavam quando tínhamos seis, sete anos de idade. Um período em que o Natal, seja rico ou pobre, é sempre fascinante. Foi Erma Bomback, humorista estadunidense quem disse uma frase que chega a doer de tanta poesia:

- Nada mais triste que acordar numa manhã de Natal e não ser criança...

Pílula dois: E houve também um anônimo cruel que disse:
- Aprendi que o homem tem quatro idades: quando acredita em Papai Noel, quando não acredita em Papai Noel, quando é o Papai Noel e quando se parece com Papai Noel.

Pílula três: O meu Natal inesquecível aconteceu quando eu tinha uns dez anos, lá por 1966. A família gigantesca reunia-se na casa de meus avós Duarte e Dora. Era uma tremenda festa, todos davam presentes para todos. Naquele ano só ganhei coisas que crianças detestam: meias, lenços, sabonetes... Fui pra casa arrasado. Quando cheguei, meu pai estranhamente mandou que eu entrasse no quarto e acendesse a luz. Ao
entrar senti um cheiro de coisa nova. Acendi a luz e no meio do quarto estava uma bicicleta. Uma Monareta branca e vermelha. Linda.

Brilhante. O melhor presente de Natal da minha vida.

E para terminar, a Pílula quatro: Já que é Natal, que tal um presentinho? O Soneto de Natal de Machado de Assis?

Um homem, - era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, -
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno,
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca,
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso.
Só lhe saiu este pequeno verso: "Mudaria o Natal ou mudei eu?"

Luciano Pires
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