quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Doença como Significado


A Doença como Significado (claro ou oculto) - As contingências da linguagem na transição para o terceiro milênio

Nossa proposta é de re-significar. Em muitos casos, os significadostornaram-se obsoletos e inapropriados. A mudança de paradigmas se reflete profundamente na linguagem. Só é possível mudar comportamentos e atitudes, se os conceitos em que se baseiam estão claramente expressos nas palavras que representam uma língua. Mas os significados da época em que vivemos são ambíguos e, freqüentemente, não nos ajudam no confronto com as questões contemporâneas.
A doença, por exemplo, exceto quando hereditária, é vista, em nossa sociedade, como algo que é o resultado de uma interferência externa: um vírus, uma bactéria, má nutrição, etc..., algo que nos atinge e que, portanto também deve ser erradicado através de uma interferência externa. Freqüentemente, este seria efetivamente um lado da questão. Mas, se somos organismos com aspectos que vão além do físico e fisiológico, e se somos criaturas inseridas num contexto mais amplo e que dependemos de tudo o que nos cerca, então o que nos acontece é algo pelo qual podemos ser responsáveis por um lado, enquanto que por outro, é tão vasto o mundo que habitamos e tão imprevisíveis e insondáveis as interações e influências, que, no mínimo, o que poderíamos dizer é que a doença - como a suposta cura- constituem-se em mistérios. Como misteriosa é a própria vida.
Poderíamos, entre outras coisas, dizer que a doença é passagem, é comunicação, é transformação. E, acima de tudo, poderíamos dizer que ela tem um sentido muito pessoal para cada um, a cada momento de indagação. A doença seria, então, uma entrada em outra realidade. Como o sonho, ela pode ter inúmeras leituras para cada pessoa.
A doença, assim como a dificuldade emocional - e elas podem ser complementares -, freqüentemente, proporcionam um contato com outras dimensões do ser talvez negligenciadas, trazendo um confronto com a "sombra" do indivíduo em questão. E só o conhecimento em si dessas dimensões, o estreitamento da relação entre aspectos conhecidos e desconhecidos pode trazer a integração com a essência, que é a fusão harmoniosa do ser como um todo. (3)
Nesse sentido, poderíamos argumentar que a doença é um instrumento introduzido por outro aspecto de nosso ser que quer nos dizer algo a respeito de nossas relações conosco mesmos, com a natureza e com os seres animados e inanimados, com a vida, com o divino, em última análise.
Com freqüência, nos revoltamos com as doenças ou, então, nos acomodamos e seguimos passivos, entregues a algum tratamento ou alguma direção imposta, deprimidos e sem mais indagar ou buscar formas próprias de entender ou conviver com o que nos acontece. Passivamente, aceitamos o que nos dizem os meios médicos, terapêuticos, religiosos e espirituais, familiares e de amigos.
Mas, enquanto nossos limites assim se manifestam, alguma reflexão sobre o que se passa conosco poderá estar se realizando em níveis menos conscientes.
Nesse contexto, é importante também registrar que o atual momento de transição planetária traz, à luz, outras vias antes ocultas, restritas a meios específicos, ou simplesmente, mais lentas e difíceis de contactar.
Hoje, o acesso a outros planos ou aspectos nossos e/ou da realidade em que vivemos se torna possível, às vezes, sem grande esforço da nossa parte. Exemplo disso são os debates e eventos públicos como esse, onde temos a oportunidade de trocar idéias, sonhos e desejos, e também confirmar trajetórias escolhidas, reforçando, assim, a auto-confiança existente em cada um de nós.
Essa troca faz parte da busca do "caminho do meio", do equilíbrio e da harmonia. E ela abre o caminho para o conhecimento de outras escolhas possíveis.
Em uma transição de vida, por exemplo, podemos harmonizar o tratamento tradicional com o alternativo, a visão médica com a terapêutica e a espiritual para obter uma visão mais ampla e mais integrada do nosso processo individual, e para poder assumir com mais serenidade uma administração mais própria dos caminhos a seguir nas decisões exigidas por tal transição.
Assim, enquanto nos tratamos através da medicina tradicional, podemos também suavizar nossa atitude para com a doença, permitir-lhe o espaço para que sua mensagem se expresse com clareza, nos comunicando as necessidades do nosso organismo que antes não podiam ser acolhidas. E podemos, também, expressar conscientemente a nossa intenção com referência aos medicamentos que tomamos e aos tratamentos aos quais nos submetemos. Essas atitudes, que imprimem de nossa parte uma qualidade positiva em um tratamento prescrito, fazem parte de práticas meditativas comumenteutilizadas em certas tradições espiritualistas. (5)
A meditação e a oração são práticas que podem nos ajudar nesse processo. Como também podem ser úteis os trabalhos energéticos, as visualizações, os relaxamentos, e, em certos casos, as massagens. Tais práticas e técnicas abrem o caminho para uma outra relação com a doença. Uma relação em que não nos apegamos a ela e nem a rejeitamos. Apenas permitimos a sua presença e ouvimos o que tem a dizer, já que pode nos ensinar a ter uma nova relação com tudo o que nos cerca e com a vida. (6)
Essa linha de pensamento faz parte do trabalho de re-significação. Refletir sobre os sentidos da linguagem, buscar a coerência entre estes e os conceitos, valores e comportamentos que representam um momento cultural, mas que atravessam também um processo de revisão, é buscar ser consciente na linguagem e no comportamento, e inteiro quanto à nossa manifestação na vida. A mudança de paradigmas que está acontecendo também na expressão linguística, continuará se fazendo ao longo do tempo, quer através de uma profunda transformação nas línguas existentes - acompanhada, é claro, do surgimento de novas palavras e expressões -, quer através da permanência de palavras com novos sentidos e novas cargas energéticas.
Acima de tudo é possível compreender que nem sempre conseguiremos explicar o que nos acontece. Há muitas coisas misteriosas na vida e o decifrar delas permanecerá além do nosso alcance a despeito de qualquer esforço de nossa parte. Entretanto, se formos humildes e confiantes, a nossa essência sempre nos mostrará o que é possível, e com referência ao que permanecer além disso, nos guiará e ajudará a acolher e reverenciar o desígnio divino.
Referências Bibliográficas
1 - REICH, W. - "A função do Orgasmo" - Editora Brasiliense, 11a edição, São Paulo, 1985.
2 - NAVARRO, F. - "Somatopsicodinâmica das Biopatias" - EditoraRelume Dumará, 1a edição, Rio de Janeiro, 1991.
3 - BOADELLA, D. - "Correntes da Vida - Uma introdução à Biossíntese"Summus Editorial, São Paulo, 1992.
4 - SONTAG, S. - "A Doença como Metáfora" - Edições Graal, Rio de Janeiro, 1984.
5 - LEVINE, S. - "Healing into Life and Death" - Doubleday, New York, 1987.
6 - KUBLER-ROSS, E. - "Friends of Shanti Nilaya" (magazine) - Londres, 1990.
Resumo do currículo dos autores:
Humbertho Oliveira - Médico, Psicoterapeuta Somático, Fundador e Coordenador do Grupo Quiron - Centro de Estudos e Práticas Transomáticas, Psicoterapeuta da Associação de Apoio à Criança com Câncer.
Mauricio Tatar - Médico, com formação em Medicina Chinesa e Homeopatia, participação em cursos, palestras e grupos de estudo em Terapia Floral, Cromoterapia, Fitoterapia, Dietoterapia e Oligoelementos. Ministra cursos desde 1989 sobre estes temas.
Susana Hertelendy - Psicóloga formada pela Columbia University, New York, EUA em 1975; Revalidação pela UFRJ, Rio de Janeiro, 1980; Psicoterapeuta Somática; Guest Trainer internacional do grupo Transformational Energetics, New York, EUA; Fundadora e Membro do Quiron-Centro de Estudos e Práticas Transomáticas, RJ.
Vania Didier - Psicóloga, Psicoterapeuta Somática, Fundadora e Coordenadora do Grupo Quiron - Centro de Estudos e Práticas Transomáticas.
Original em:
http://www.fw2.com.br/clientes/artesdecura/REVISTA/psico/doenca_como_caminho.htm

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