domingo, 8 de fevereiro de 2009

A dualidade na criação - II


A barbárie sempre existiu em nosso planeta, porém, imperou como lei nos primórdios da cultura humana. Não é fácil crer, ou compreensivo aceitar, que a natureza tenha gastado mais de quatro bilhões de anos talvez dez para criar seres, inteligentes, que queimam corpos de animais imolados em um altar, acreditando que o aroma daquele holocausto seria agradável ao próprio criador do sacrificado. Agradável é entender e testemunhar o comportamento social, moral e espiritual que alguns homens, sob a luz do Amor coletivo, tiveram para com os povos de diferentes regiões do planeta e em diferentes épocas: Zoroastro, Pitágoras, Buda, Jesus, Maomé, Ghandi e muitos outros. A teoria darwinista, que propõe a origem comum de todos os seres vivos e a seleção natural do mais apto, através da luta pela existência e sobrevivência, sugere que estes, juntos a aqueles bárbaros, assassinos, ladrões, políticos corruptos e inquisidores tarados, tenham sido paridos (usando uma linguagem figurada mais direta) e conduzidos, lado a lado, através da estrada evolutiva, pelas mãos do independente e imprevisível acaso pelo beneplácito do catecismo científico, verdade indiscutível.

Sendo deste modo, o acaso precisou de quinze bilhões de anos para criar seres, cuja conclusão extrema é o parentesco fisiológico; humanos semelhantes em sua anatomia, porém, enigmaticamente diferentes na conduta; etnias, com antagonismos morais ilógicos para quem compartilha do mesmo meio social; trilhas convergentes à mesma estrada evolutiva. Mais lógico parece-nos crer em uma dualidade na criação: a formação das espécies pelo processo de seleção natural, esta lei desconhecida chamada acaso. E a do comportamento humano, tão diverso e incompreensível, mas, com a força imensurável da liberdade; mosaico da vontade própria; vícios e virtudes, amor e ódio, ignorância e sabedoria. A esta igualmente desconhecida lei, também evolucionista, porém, planejada , chamaremos com muita propriedade de "Força Suprema". Porque o comportamento humano, não instintivo a conduta, resulta da aquisição de conhecimentos e conceitos morais, alicerces racionais que desenvolvem e sustentam a inteligência.

A maior liberdade da inteligência é o senso de eternidade, o ato de separar elementos desse universo complexo, os quais só podem subsistir, fora desta totalidade, mentalmente. É a abstração. Tudo que é abstrato não é resultado da natureza orgânica e sim de natureza etérea, de pensamento, de alma, de espírito. É a imaterialidade. É dom sagrado o homem desfrutar do produto de seu trabalho e de sua inteligência. Por isto, aquele que se esclarece, deve acautelar-se e não se resignar com a providência. Pois, se assim o fizer, estará abrindo mão da razão, da ação, e não agir equivale a não existir. Einstein dizia que "a mais bela emoção é o mistério. Se o homem soubesse de tudo, sua vida perderia a graça, pois a beleza está na curiosidade, no estudo, na pesquisa, na hipótese, na sensação de que sempre falta alguma coisa a saber." Hermes Trimegisto aconselhava:

"Se quiserdes saber o segredo desta força suprema, deveis separar a terra do fogo, o fino e sutil do espesso e grande, suavemente e com todo o cuidado. Sobe da terra ao céu e, dali, volte a terra para receber a força do que está em cima e do que está em baixo."

A ciência tudo pode porque o homem a tudo aprende. E aprenderá que o principio criador é lento e brando, mas Onipotente; incomensurável e infinito, mas Onipresente; misterioso e alegórico, mas Onisciente.

Autor: Paulo Roberto Marinho
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