segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Desculpas

Desculpas não resolvem o problema!
Encontro freqüentemente problemas mal analisados nas empresas. Causas como verão muito ruim, calor, umidade, vandalismo, concorrência desleal, greves de órgãos públicos, falha humana e outras similares são apontadas como as "vilãs" geradoras do prejuízo.
Tudo errado! Nunca uma análise pode se contentar em identificar causas externas à empresa. Simplesmente porque o gestor não tem ação sobre causas externas. Ele precisa utilizar a técnica dos 5 porquês para chegar nos processos da empresa. Sobre eles o gestor tem mais controle e tem ação.
Apontar causas externas como fundamentais joga a empresa em uma zona inaceitável de conforto e autocomiseração. Qualquer um sabe dizer que "não cumprimos as metas de vendas porque o poder aquisitivo dos clientes baixou" ou que "estamos com dificuldades no caixa porque as ações despencaram" ou que "perdemos o cliente porque nosso concorrente agiu de forma desleal".
Se for para ouvir estas bobagens, recomendo aos presidentes que demitam os gestores e contratem semi-analfabetos, bem mais baratos. Estes darão a mesma explicação por um custo muito inferior. O que precisamos saber em uma análise bem feita é: quais processos da empresa estão funcionando mal ou são inexistentes e nos tornam vulneráveis às causa externas?
Exemplo real: em uma indústria, um grupo de gerentes identificou como causa principal da baixa rentabilidade o alto custo da fábrica. Quando perguntei por que o custo era alto, responderam-me que havia muitas máquinas obsoletas com alto custo de manutenção. Afirmaram que esta era a causa: parque industrial obsoleto. Afirmei para o grupo que eles estavam errados. Por quê? Se a causa é "parque industrial obsoleto", a ação é "atualizar o parque industrial". Não serve!
O que a empresa precisa saber é porque ela chegou nesta situação. Se descobrir, terá a garantia de atuar na causa de forma a nunca mais chegar neste buraco. Quando aprofundamos a análise, encontramos como causa raiz a baixa capacidade de planejamento da organização e a incapacidade de lidar com dinheiro e construir um bom fluxo de caixa.
Se estas causas não forem sanadas, um investidor pode pagar todas as dívidas atuais e atualizar o parque fabril, mas em breve a situação retornará a que já foi um dia, ou seja, dívidas e máquinas obsoletas. Se a falta de capacidade em planejar e em lidar com dinheiro não for resolvida, a empresa nunca andará para frente, mesmo que muito dinheiro seja injetado nas suas veias.
Temos uma tentação irresistível de sermos superficiais na análise de causas e, de preferência, empurrar a culpa para o mundo externo ou para as outras áreas. Uma empresa começa sua decadência quando análises são mal feitas.
Paulo Ricardo Mubarack

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