sábado, 31 de março de 2007

Uma Lágrima e Um Sorriso!


Eu não trocaria as tristezas do meu coração pelas alegrias dos homens, e não desejo que as lágrimas que a melancolia provoca nos meus olhos se transformem em risos. Prefiro que minha vida permaneça uma lágrima e um sorriso: uma lágrima que purifique meu coração e me faça compreender os mistérios e segredos da vida, e um sorriso que me aproxime dos meus semelhantes e simbolize minha glorificação aos deuses. Uma lágrima que me irmana aos tristes de coração, e um sorriso que proclama a minha alegria de viver.

Prefiro morrer de muito desejar a viver na indiferença. Quero sentir nas minhas profundezas fome pelo amor e a beleza, pois observei e verifiquei que os satisfeitos são os mais infelizes dos homens e os que mais se assemelham à matéria inanimada; e escutei e descobri que os gemidos de saudade do apaixonado são mais embaladores que as melodias dos violinos.

Quando a noite cai, a flor fecha as pétalas e dorme abraçada aos seus desejos; e quando rompe a madrugada, descerra os lábios para receber o beijo do sol. A vida da flor é desejo seguido de união: uma lágrima e um sorriso.

Evapora-se a água do mar e se eleva e se condensa em nuvens que passeiam por sobre os valores e as colinas. Mas quando encontram brisas suaves, descem em lágrimas sobre os campos e se juntam aos arroios e voltam ao mar, sua pátria. A vida das nuvens é separação e depois reencontro: uma lágrima e um sorriso.

Assim a alma se separa do espírito universal e caminha no mundo da matéria e passa como nuvem por cima das montanhas de tristeza e dos campos de alegria, e quando encontra as brisas da morte, volta à sua origem: ao mar do amor e da beleza, ao coração de Deus...

Gibran Khalil Gibran

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